Quem esta casado ou se já se casou sabe: casamento é um desafio diário e dependendo de como a união é conduzida, a convivência diária tanto pode fortalecer como desfazer os laços.
Muitas vezes existe amor, afeto, o sexo é bom, mas mesmo assim os conflitos teimam em surgir, afetando seriamante a relação ao ponto de se pensar em ir cada um para o seu lado.
A grande maioria das mulheres enfoca muito a relação no parceiro, se esforça em agradar nos mínimos detalhes, quer seja cuidando bem da casa, quer seja querendo passar o maior tempo possível ao lado do amado. Eu não era diferente. Cuidava bem da casa, preparava comidinhas gostosas e estava sempre disponível para ficar ao lado dele.
E mesmo assim não estava dando certo. Como já escrevi várias vezes, meu marido trabalha muito e há uns anos atrás, ele trabalhou fazendo escolta de um caminhão de toras que vinha da região serrana do Rio. O local além de muito distante, não pegava sinal de celular.
Eu passava o dia aflita sem notícias, imaginado todo tipo de tragédia, por que sabia que nem o caminhão nem o motorista ofereciam segurança e TODOS os dias chove na Serra de Friburgo. Não era raro o caminhão atolar e ele dizer que iria chegar certa hora e chegar muuuito depois, ou nem conseguir chegar.A visão de um caminhão cheio de tora desgovernado não saia da minha cabeça e quando ele finalmente chegava em casa, meus nervos abalados o enchiam de acusações, que nos afastavam diariamente.
Na minha cabeça deveria haver um modo dele entrar em contato para me avisar se estava tudo bem ou quando precisasse pernoitar, nem que seja mandando um pombo correio ou um sinal de fumaça.
As agressões verbais não tardaram a fazer parte da nossa relação e ele sempre me acusava de não lhe trazer paz. Para ele não importava a casa limpa ou a comida bem feita. Ele só queria chegar em casa depois de dias trabalhando e encontrar paz.
Eu não conseguia dar a ele a única coisa que ele queria. E eu queria que ele me desse coisas que ele não poderia me dar. Ele não podia ficar comigo todos as noites. Não podia me ajudar com os afazeres da casa. Não podia ir fazer comprar no supermercado.
E eu tive que me decidir. Ou parava de reclamar e aceitavam as coisas como elas eram, ou desistia do que eu considerava meu grande amor.
Decidir foi fácil, o díficil foi colocar em prática. Mas acho que consegui. No início da nossa relação eu não estava trabalhando e ócio realmente é a oficina do diabo. Atualmente não sobra nem tempo para sentir falta dele, ocupo meu tempo com o trabalho na casa de lanches, com o blog, com filmes e livros. Coloco as preocupações bem no fundinho da minha mente e tento dormir com os anjos. E a madruga sempre o traz de volta para os meus braços.
E aprendi a me satisfazer com o pouco tempo que temos juntos, com nossas noites intercaladas e com o riso sempre presente quando estamos juntos.
Ele sempre me pediu tão pouco, nunca exigiu nada e eu estou tentando fazer o mesmo.
Atualmente ele não faz mais as viagens que tanto me angustiavam, o que já é um alívio. Aprendi a aceitar que a filha dele precisa mais dele do que eu e a suportar uma ex-esposa insuportável. E a aprendi a esperar, a ser compreensiva e a ser companheira.
E vou continuar todos os dias aprendendo um pouquinho mais...