8 de nov. de 2010

Quanto pesa o sangue

Hoje vou falar sobre um assunto delicado, que infelizmente vivencio de perto e que me causa muita angústia. Quem leu o post "Aprendendo a ser madrasta",  já sabe que meu marido tem uma filha, mas essa não é toda a verdade. Como certas coisas são difícies de digerir, preferi omitir momentaneamente o fato que ele tem mais uma filha, que não é do primeiro relacionamento dele.
A menina em questão foi fruto de um "descuido", ele nem chegou a namorar a mãe da garota e se recusava a encarar a verdade estampada nos traços físicos da menina. Só com o exame de DNA feito ano passado, 14 anos depois do nascimento, a incerteza se confirmou. Mas com ela não veio o afeto e nem o amor negados por tantos anos.  

Quando começei a me relacionar com meu marido, eu já sabia da possibilidade dele ser pai da menina, ele me colocou a par da história e também do fato de não conseguir sentir nenhum afeto pela menina. Ao contrário da filha mais nova, da qual ele nutre um amor incondicional, típico de pai e filha.
Neste caso, quanto pesa o sangue? Em algumas situações, não pesa nada..
E quando infelizmente isto ocorre, parece que não tem conserto. Laços sanguineos não tem nada a ver com amor.Se o amor não brota naturalmente, não tem como fazer ele surgir..
Vejo isto ocorrer a minha volta, uma filha  que  faz o coração do pai transbordar de alegria e a outra que não desperta o mínimo de carinho. Pai e filha, dois estranhos dividindo o mesmo sangue.
Quanto pesa o sangue? Eu sou uma estranha para a menina, mas tenho mais intimidade com ela do que o próprio pai, que até mesmo já perdeu  esse título.
Hoje a menina fez aniversário, completou 15 anos e mais uma vez a indiferença se fez presente. Não foi um dia fácil para mim e acredito que nem para ele. Não é fácil lidar com nosso lado obscuro e talvez um dia ele tenha que pagar a conta .
Quanto a mim, fiz o que a mãe dela me pediu  e o que meu coração mandava: como não teria festa, fiz um bolo, comprei uma lembrancinha e fui até a casa dela para cantarmos parabéns.
E para mim total surpresa, recebi o primeiro pedaço de bolo.
Hoje dedico este post a uma menina valente, que desde cedo precisou aprender a viver no mundo de gente grande e esta se saindo muito bem. Meus parabéns todo especial a Luana e também a Camila, do blog Desabafo, que esta fazendo aniversário.

12 comentários:

  1. ola!!
    vim conhecer seu cantinho e que coincidencia!sei bem o que vc fala!!!
    nao tenho relaçao de afeto com minha mãe, isso é mto triste, mas nao tenho, pq ela nunca foi presente na minha vida...entao é dificil demais com tantas magoas tentar criar uma relaçao de afeto.
    mto complicado.
    desejo boa sorte p vcs, para ele...
    de repente aos poucos...consegue se construir algo,naturalmente e principalmente de coraçao aberto.
    ja estou te seguindooo
    espero q goste do Belezocas tb
    bjooss

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  2. Querida Paulinha.

    Por experiência própria posso dizer que sei o que está dizendo nesse texto. Parei de ver meu "pai" biológico aos 2 anos de idade. Até 2005, acredito ter tido um ou dois contatos com ele ainda quando criança. E em 2005, por iniciativa minha, fui à cidade dele para um reencontro, não só com ele, mas com a família que ele construiu durante sua vida com outra mulher.
    Posso dizer que foi uma das experiências mais estranhas que vivi. Ao mesmo tempo que ele era meu pai, não era!
    Não conseguia sentir nada por ele. Nem raiva!! Acredita?

    Por isso, na minha opinião, sangue não pesa nada.

    Ótimo texto linda.
    Depois queria falar mais sobre isso com você e dividir minhas experiências por e-mail. Talvez eu possa ajudá-la.

    Bjs

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  3. Amiga, vim aqui indicar um blog maravilhoso, que também fala de coisas sobre a vida. Acho que vc vai gostar!

    http://pequenosbarulhosinternos.blogspot.com/

    Ps.: Veja a postagem de nome: Chega o Momento


    Bjs

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  4. Paula, que pena que as coisas sejam assim... que pena...

    Imagino quantas meninas, ao lerem isso, não se sentirão menos sozinhas, pois verão que há outra que passa pela situação e está reagindo a ela... importante demais seu post...
    Beijossss

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  5. Triste a história q vc conta, fiquei emocionada até. Nas não se obriga ninguem a amar ninguem, ainda que as pessoas sejam unidas por laços de sangue. Eu acredito q sangue não pese nas relações humanos, pois muitas vezes amamos mais quem não pertence ao nosso sangue dos que os consanguineos, não é mesmo? Achei sua atitude em levar um bolo e uma lembrancinha maravilhosa, te admiro ainda mais a aprtir de agora! E sei q vc não fez isso para ser admirada, fez isso porque seu coração mandou e é isso o mais bonito em vc ^^
    Beijos querida, linda semana =*
    E ah, parabens pra essa menina tão valente!!!

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  6. É triste saber desses laços que se dasatam e não se encontram mais. Mas afetos não se forçam, criam-se ou não. Como vc disse, talvez ele venha a lamentar isso mais tarde e pagar o preço. Parabéns à você que nem deveria querer preocupar-se com isso, mas está ali, fazendo a sua parte.

    Abraços

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  7. Paula,

    Te agradeço bastante por sua visita e por suas palavras lá no PBI.
    Muito bacana o teu blog, os textos são ótimos e bem sinceros! Gostei muito.
    Tem umas relações humanas que são tão complexas e difíceis que a gente fica meio perdido, meio perplexo, meio sem saber o que fazer diante delas. Meu irmão tem uma filhinha que não mora com ele. Ele custou a aceitar, hoje a menina tem 5 anos e ele paga uma pensão a ela, mas não a vê. Assim como no caso de seu marido, um "descuido", acho que ele nem chegou a namorar a mãe da menina.
    Atualmente está casado com uma outra pessoa e tem um filho com ela.
    E uma coisa que sempre me ocorre quando penso nesse assunto é que, de alguma forma, essa distância/omissão/desafeto ou sei lá o que seja (tenho medo e não gosto de rotular, como disse a Flávia ainda outro dia) um dia lhe virá bater à porta.
    De alguma forma. Nós, seres humanos, somos tão estranhos às vezes. Da mesma forma que somos capazes de amar loucamente, também o somos, na igual medida, de desamar. De não se importar. De ir sempre deixando pra lá coisas que deveriam ser importantes. Aliás, nem sei porque estou falando isso, se o próprio pai da minha filha às vezes não se importa em ficar um mês sem vê-la...
    E quero dizer que seu comportamento foi simplesmente maravilhoso! Digno de um ser humano da melhor espécie. Ela sempre se lembrará disso, você pode ter certeza. De repente, é esse o propósito, né? Ela ter a chance de conhecer e se relacionar com um ser humano como você.
    Isso sim, pode apagar as marcas de uma infância que tenha sido dura. Eu acredito nisso.
    Aproveitando, agradeço à Flavia, de coração, a menção ao post e os comentários dela.

    Beijos

    Carla

    (ficou longo, né? Desculpe, vou melhorar, rsrs)

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  8. Paula,

    acho que o sangue nao pesa tanto, mas sim os laços que se cram com a convivencia, com as dificuldades e aprendizados. Igual, acho que a criança é a pessoa mais inocente nessa historia, pq nao tem culpa de como as coisas aconteceram e merece receber carinho e atençao, por mais que seja dificil. beijs

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  9. estou passando para deixar unsss bjnssss
    Luíza
    http://jornaldaluluteen.blogspot.com

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  10. Hey Paulinha!
    Primeiramente parabéns a você por ser essa mulher de sentimento grande e coragem e amor no coração! Sinto muito por seu marido não perceber que a filha é dele sim, não importando o que a cabeça dele disser e que se não quizesse ter esse descuido deveria ter se precavido, isso não é só responsabilidade da mulher! E sinto muito pela garota que tem essa imagem de desamor do pai! Espero que ela tenha outros exemplos bons de homens pra se inspirar!
    Mas vc garota é 10!
    beijocas,
    Mari

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  11. Paulinha,

    Ter um pai vale muito. Muito. Deve ser muito dolorido não ser reconhecida. Acho que a pergunta a ser feita é essa "quanto vale ter um pai". E não "quanto vale ter o mesmo sangue". E acho que ele deveria,sim, relevar e aprender a conviver com ela. Estou olhando de fora, claro, difícil de opinar. Mas acho que passar uma borracha é importante em situações da vida. O que pode haver é indiferença quanto à mãe da garota, eu até entendo. Mas a menina é mais do que filha da mãe. E achei lindo, lindo, lindo a tua atitude. Coisa de mulher generosa, de gente que enxerga o outro. Muito admirável. Que vcs tenham paz e tranquilidade para passar por tudo isso. E que anjo bom vc é na vida da menina e do teu marido.
    ps. Achei super digno da parte dele ter dito a vc sobre a existência dessa filha, antes de sair o DNA. Prova que ele é justo. Tomara que consiga relevar tudo isso em benefício dela, ainda que o amor dele não seja tão esparramado.

    Beijos,
    Irma

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  12. Amor e afeto são como uma casa: fruto de construção.

    A vida nos ensina a amar ou odiar e esses sentimentos são construídos ao longo do tempo.

    Não sei qual a idade dele mas se ele for jovem ainda tem chão para que algo mais sólido se construa.

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